-Eu te amo, Gus.
Ele me disse ainda ofegante, com o brilho nos olhos e aquele
sorriso tímido que eu lembrava desde a primeira vez que nos conhecemos.
-Esse papo de amor de novo Gui?
-Como você consegue ser tão babaca?
-Me explica como tu consegue amar um babaca?
Ele franziu a testa e ficou quieto me olhando. Nós nos
conhecemos quando ainda eramos adolescentes. Não sei se viramos amigos por
opção ou por falta de opções, mas te juro que hoje em dia eu não trocaria essa
franzida de testa por nada. Eu gostava dele, mas não sabia definir se aquilo
era ou não amor. Nunca fui bom com definições.
- Qual seu problema Gustavo? Qual o problema de dizer que
ama alguém?
-Tu sabe que eu não acredito nessas coisas Gui.
Ele foi se levantando com aquela cara que é de se esperar
quando tu diz que ama alguém e a pessoa responde “esse papo de novo”. Já era de
se esperar essa reação, mas eu não tinha nada além disso que eu pudesse
responder.
-Olha, pra mim deu Gus. Chega dessa coisa de “amigos com
benefícios”.
-A gente não vai mais trepar?
-Pra mim era fazer amor, mas já que pra tu é trepar, é isso,
não vamos mais trepar.
O Guilherme sempre bancou esses carinhas adolescentes que se
apaixonam a cada semana por um diferente. Era só dizer “eu te amo” que ele já
fazia tudo que tu quisesse. Uma semana
depois ele enjoava e terminava. Se não fosse meu amigo, eu pensaria que ele tem
espírito de puta, mas como é meu amigo, eu posso lhes afirmar, o Gui é uma puta
do amor. Eu nunca lhe disse que o amava e ele nunca me deixou.
-Fazer amor? Amor só existem em livros pra adolescentes que
não trepam. Para de bancar o adolescente Guilherme. Você troca de amor a cada
semana.
-Vai tomar no seu cu Gustavo.
-Eu te convidaria pra ir junto, mas tu disse que a gente não
vai mais trepar.
Ele ficou em silêncio. Era raro
conseguir fazer aquele menino calar a boca e já era a segunda vez na noite que
eu conseguia isso. Tudo bem que não foi da forma que eu esperava, mas ainda
assim ele já era uma vitória conseguir lhe deixar sem saber o que dizer. Ele se
levantou e começou se vestir.
-Gui?
-Que foi Gustavo?
-Você tá vestindo a minha cueca.
-Cadê a minha?
-Sei lá, tu quem sabe ué.
-Vou com a sua mesmo. Fica como pagamento já que tu pensa
que sou puta mesmo.
-E não é?
Consegui lhe deixar quieto mais uma vez. Mas dessa vez me
senti um pouco mal por isso e tentei consertar.
-Ouça Gui, tu sabe que eu gosto de tu. Tu é meu melhor
amigo.
-Gosta mas não ama.
Meu quarto pareceu pequeno pro tamanho do silêncio que se
colocou entre nós dois. Ninguém tinha mais nada a dizer, sentir, pensar. Ele
sorriu.
-Tu fica uma gracinha com a minha cueca.
-Já conheço todas suas cantadas Gustavo, e olha, já ouvi
melhores.
Me levantei, ainda nu, lhe encostei na parede, ele sorriu.
Coloquei o meu dedo no seu lábio, passei a mão em suas costas. Meus dedos foram
descendo pela sua barriga lisa, com pelos apenas no “caminho da felicidade”.
Ele fez aquela cara de safado que ele sabia que eu adorava, me jogou na cama e
disse.
- Fim da amizade com benefícios.
-Meu Deus Guilherme! Quando tempo isso vai durar? Me excita
e depois diz que a gente não vai mais trepar? Puta que pariu.
-Não sei, mas tu pode ligar pra uma dessas garotas que tu
sempre come pra manter a fama de hetero. Quem sabe tenha alguma disponível. Ou
termina o serviço ai com a tua mão mesmo.
- Eu não finjo que sou hétero. Eu não entendo por que temos que escolher se gostamos de pênis ou de vaginas. Eu não posso gostar dos dois?
-Não. Agora estou indo. Nos vemos amanhã.
Vi ele saindo do meu quarto com minha cueca e minha camisa.
Observei ele vestindo sua calça na sala. Filho da puta, como ele estava lindo.
Ele nunca havia me deixado na mão. Ouvir um “não” nunca havia sido tão sexy.
Desprezo é excitante.
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