Pelo viajante solitário.
Chovia. Era seis da manhã e por mais que eu quisesse continuar dormindo, a vida continuava. Eu acho uma sacanagem esse tal ser superior não ter feito alguma regra que só permitisse que chovessem em dias quais pudéssemos ficar semi-mortos em nossas camas fingindo que não existimos.
Despertei meu parceiro de longa data e continuamos na estrada. Eu era solitário o bastante a ponto de meu melhor amigo ser movido à gasolina e transportar cargas. Mas confesso que escolhi a profissão por isso mesmo, a solidão. Acho que gosto dela. A solidão também é minha parceira de longa data.
A chuva só aumentava, liguei o rádio e tocava Bob Dylan. Com Bob Dylan eu viajava. Figurativamente e literalmente. Quando eu viajava minha vida parecia ter ao menos um pouco de sentido.
Tudo calmo demais, até que CARALHO, alguma desgraça verde tinha aparecido na porra da estrada. Meti o pé no freio e a mão no volante. Quase sai da estrada, mas consegui desviar daquele ser maluco de cabelo verde.
O dia estava bom demais, já estava esperando acontecer alguma desgraça. Sim, eu sempre acho que as coisas vão piorar. Pessimismo é um dom. Se as coisas pioram, tu já esperavas por aquilo. Se as coisas melhoram... Não, elas nunca melhoram.
Desci do carro e fui ver quem era aquele maluco. Na verdade era uma maluca, como não percebi antes? E que bela maluca hein.
Segurava uma garrafa de vodca uma mão, na outra uma dessas coisas que eu nunca sei se são carteiras ou bolsas. Sua maquiagem era e forte e estava toda borrada. Seus olhos estavam inchados, não sei se de ressaca ou de chorar. Usava saia de borracha e salto alto. Droga, eu tive um fraco por mulheres de salto.
−Porra, sua maluca.
−Vai se foder. – Gritou comigo e saiu rebolando e tropeçando como se eu fosse o culpado. Não sei se tropeçava mais ou rebolava, mas eu poderia ficar olhando aquilo a manhã toda.
Deixei-a por uns dois minutos, mas não aguentei e sai correndo atrás dela. Era provável que eu pegasse uma gripe por conta de uma maluca de cabelo verde, mas eu não me importava.
−Você poderia ter morrido. O que se passa na sua cabeça?
−Talvez eu quisesse morrer. – Jogou a garrafa no chão e veio em minha direção com um olhar que me fez dar graças a deus por ela aparentemente não ter nenhum lugar onde pudesse esconder uma arma – Sim, eu queria morrer, Você tem algo contra pessoas que querem morrer?
−Olha moça, minha ficha criminal já é grande demais pra caber um homicídio lá.
Ela soltou uma gargalhada, dessas de psicopata mesmo. Essa foi a hora que eu pensei que deveria correr. Ela me olhou fixamente com aqueles olhos azuis assustados, se virou e continuou andando na direção contrária a mim. Confesso, voltei a me distrair por uns dois minutos com a bunda dela, mas voltei a ir atrás dela.
−Olha, minha mãe sempre me disse pra não conversar com estranhos. Principalmente se parecerem malucas de cabelos verdes. Mas ela está morta mesmo. Acho que ninguém vai contar pra ela. Então, acho que é bem claro que você precisa de ajuda, vamos ali no caminhão que você vai acabar ficando doente.
−Você fala demais.
−Se for pro caminhão eu prometo calar a boca.
− Você não vai me comer.
− Meu Deus, ninguém mais acredita na bondade das pessoas?
Está certo que eu queria comer ela, mas antes eu daria uma toalha pra ela se secar e deixaria ela dormir um pouco. Mas ela não precisava saber disso.
Finalmente a maluca aceitou me acompanhar. Mal chegou e já trocou de estação. Colocou em uma que estava tocando uma música qualquer do Matanza. Ela havia se transformado da maluca que estava chorando na estrada para a maluca que dançava e cantava loucamente em um caminhão. Eu não sei perto de qual eu corria mais perigo. Ela disse:
−Meu deus, eu amo essa música. – Uma maluca de cabelo verde com bom gosto musical, o dia não podia ficar melhor. –Tem alguma coisa ai pra comer?
− Não, mas podemos parar em algum posto.
−Beleza.
Chegamos a um posto e nos sentamos para comer. Ela parecia um animal comendo. Fiquei imaginando se ela também era assim na cama. Quando ela terminou de devorar dois lanches eu estava curioso pra saber quem era essa maluca, logo perguntei.
−Então, qual é a sua historia?
−Não temos tanta intimidade pra eu lhe contar minha historia baby.
−Posso saber ao menos seu nome?
−Natasha.
Voltamos para o caminhão. Cinco minutos de estrada e ela já estava dormindo. Parecia um anjo, mas eu sabia muito bem que era o demônio disfarçado.
Sua bolsa estava a minha vista. Era errado, mas eu tinha o direito de saber ao menos um pouco mais sobre esse ser de cabelo verde qual eu próprio me convencera que deveria dar carona.
Olhei sua identidade e descobri que seu nome era Ana Paula. Não sei por que, mas isso não era nenhuma surpresa pra mim.
Quando ela acordou eu quis saber um pouco mais sobre ela, mas ela sempre se recusava a responder dizendo que ainda não éramos tão íntimos pra isso.
Havia parado de chover e continuávamos na estrada. Ela quis saber:
−Para onde vamos?
−Só respondo se me disser qual sua idade?
−17.
− Menor de idade? Isso é treta e eu já disse que não quero aumentar minha ficha criminal. Vou lhe deixar no hotel mais próximo.
−Relaxa, faço 18 na semana que vem.
− Santa Catarina.
−O que?
−Vamos para Santa Catarina. – Peguei um cigarro e ela me pediu um. − Só quando tu fizer 18 anos.
−Para de ser chato cara. Me dá essa porra de cigarro. – Me olhou nos olhos, aquele olhar que te hipnotiza e te deixa parado concordando com qualquer coisa que ela dissesse. Tirou o cigarro da minha boca e colocou na dela. Deu uma tragada e me devolveu. – Isso mesmo tio. Odeio que tentem me controlar.
−Ok, tio foi broxante. Meu nome é...
Ela me calou com um beijo. Ok, eu estava maluco por essa mulher e eu sabia que ela fazia o tipo chave de cadeia. Mas, mais uma noite na cadeia, uma a menos. Tanto faz. Mordeu-me o lábio, e depois retocou o batom.
−Não quero saber seu nome. – Ela me disse rindo. −Não quero criar intimidade com um desconhecido.
−Quer dizer que saber o nome é mais íntimo que trocar de saliva com um desconhecido?
−Sim. Mas eu te conheço. Aliás, conheço seu tipo.
−E qual é?
−Você só tá afim de me comer e me largar em qualquer esquina por ai.
− Garota esperta.
− Mas você não vai me comer. Eu sou menor de idade.
−Quer dizer que agora a idade importa?
−Sim.
−Você é maluca. O problema é que eu estou gostando disso.
−Lamento por você.
Dois dias passaram. Conversamos sobre música. Três dias passaram. Conversamos sobre viagens. Quatro dias passaram. Ela ficou o dia mexendo naquela bosta de celular e não me deu a mínima atenção. Cinco dias passaram. Começamos falar de amores antigos. Coloquei a mão em sua coxa mas ela logo tirou. Então encostou a cabeça no meu peito e dormiu. Senti que aquela era a garota da minha vida, ou pelo menos a garota dessa viagem.
No sexto dia ela me ignorou o dia todo. Ficou de novo naquela porra de celular. Ok, agora eu estava totalmente inseguro quando a ela.
E no sétimo dia, era uma sexta-feira. Ela acordou cedo. Eu tinha encostado o caminhão perto de um posto.
Aqueles olhos azuis me encararam por uns minutos, eu fiquei olhando pra baixo fingindo que não percebia. Então ela quebrou o silêncio:
− Hoje é meu aniversário.
− Parabéns. Não sou muito bom com essa coisa de felizes aniversários. Quer um presente?
− Sim. Tem camisinha ai?
Caralho, ela queria dar pra mim. Finalmente ter pagado 87 pilas num moletom para ela valeria a pena. E eu já estava na seca há algumas semanas. Se bem que ela não tinha peitos grandes, mas a bunda compensava.
Nem respondi nada, apenas corri para a loja do posto atrás de camisinhas. Na entrada dei de cara com um rapaz branquelo, mal encarado, usava moicano e coturno alto. Fiquei encarando ele por uns 15 segundos até me lembrar de que hoje eu iria comer uma maluca de cabelo verde.
Comprei três camisinhas. Olhei as revistas pornôs e me lembrei de que não ia precisar daquilo hoje. Peguei uma só por garantia.
Ao sair só enxerguei um coturno e um moicano entrando no meu caminhão. Gritei e tentei correr, mas ele já estava longe.
Aquele desgraçado era um ladrão. Por isso me encarava tanto. Filho da puta.
Estou aqui sozinho no posto, com camisinhas e uma revista pornô na mão.
Cara do moicano, seu desgraçado. Pode levar o caminhão, mas pelo menos me devolva a minha maluca do cabelo verde.
Pela maluca do cabelo verde.
Eu tenho 17 anos e fugi de casa, ás 7 horas da manhã, talvez no dia errado. Na carteira só uma grana que tinha pegado emprestado para nunca mais devolver. E minha carteira de identidade. Não sei para que iria precisar da minha identidade se a agora eu seria uma nova mulher, mas ainda assim preferi prevenir.
A razão pela qual estou fazendo isso?
Eu sempre fui uma boa garota, mas acho que Deus prefere as vadias.
Cansei dessa minha vida. Pressão na escola, pressão pra passar no vestibular, pressão pra ser boa moça, pressão pra ser um exemplo pra minha irmã, pressão pra ser uma boa namorada.
Falando em namoro, vamos a um dos fatos mais importantes na minha decisão. Ele tinha dado o cu pro meu melhor amigo. Eu sei, parece estranho.
Meu melhor amigo tinha me ligado, pedindo pra eu visitar ele que tinha algo importante pra me dizer. Então começou o discurso.
− Ana, somos amigos há muito tempo e eu não posso esconder isso de você. Eu espero que um dia você me perdoe. Mas, eu... Eu e o Carlos, seu namorado, agora provavelmente ex... Eu comi ele.
− Que?
− Tenta me entender, aquela bunda empinada todo dia na academia. Ele fazia questão de tirar a roupa perto de mim. Um dia veio com um papo de que nunca tinha experimentado ficar com meninos. Comi mesmo e não nego. Até que foi bom. Ah desculpa amiga. Aconteceu.
− SEU VIADO.
− Amiga, você sabe que isso não me ofende.
Comecei a chorar, depois comecei a rir. Meu amigo me olhou com aquela cara de cachorro sem dono que ele sempre fazia.
Fui pra casa e no caminho tudo começou fazer sentido. Por isso que ele evitava ficar sozinho comigo. Por isso era sempre eu que tinha que dar uma apertada na bunda ou uma pegada no pau pra esquentar a relação. Aquele topete. Aquelas calças jeans mais justas que o papa. Aquelas camisetas que eram capazes de não servir nem em mim. Agora sei por que ele gostava tanto de academia, ia só pra olhar os caras. Se bem que academia rendeu aquela bunda maravilhosa que ele tinha.
Meu namorado era viado, meu melhor amigo era um pau no cu, e pior, pau no cu do meu namorado. Meus pais ficavam me mandando decidir o que queria fazer da vida. Minhas notas iam de mal a pior. Decidi virar puta.
Arrumei tudo de noite. Peguei umas roupas da minha mãe que ela usava “nos momentos íntimos” dela com meu pai. Uma saia de borracha, corpete e uma cinta liga. Ela não devia usar aquilo há séculos. Acho que nem daria falta. Peguei 150 reais que ficava em baixo da toalhinha da estante para emergências. Fugir de casa não devia estar na lista de emergências, mas eu peguei mesmo assim. Claro que não deixei minha mãe desamparada, escrevi um bilhete.
“Mãe, eu te amo, mas essa vida não dá mais pra mim. Eu quero conhecer o mundo. Talvez um dia eu volte, não sei. Eu peguei os 150 reais que eram pra emergências, mas não se preocupe, eu não vou mais te dar gastos.
Obs: O Carlos é viado e deu o cu pro Bruno. Pode contar pra mãe dele por mim? Obrigado, te amo.”
Sai às sete da manhã. Peguei o primeiro ônibus que vi e nem olhei pra onde ia.
Desembarquei, entrei no primeiro salão que vi e pintei meu cabelo de verde. Fui até o banheiro e coloquei a roupa que eu tinha roubado da minha mãe, ainda não caiu a ficha que cometi meu primeiro furto. Deixei a roupa que eu estava e a bolsa no banheiro mesmo. Só peguei minha carteira. Pronto, agora eu era uma nova mulher.
Entrei também no primeiro boteco que vi. Só tinha velho naquele lugar. Pelo menos me ofereceram bebida. A hora passou que nem vi.
Meio-dia um dos velhos se ofereceu pra pagar meu almoço. É claro que aceitei. Almoçamos, entrei no carro dele e ele me levou para um motel. No quarto ele já começou tirando a roupa e dizendo:
− Vem aqui sua delicia, dependendo do seu desempenho a recompensa é maior.
− Já vou amorzinho.
Corri para o banheiro, retoquei a maquiagem. Dei uma espiada e ele já estava com o pau na mão. Sem saber o que fazer, disse:
− Feche os olhos ou então eu não apareço.
− Curte um joguinho então né safada? Estão fechados.
Peguei meu salto e sai de fininho pela porta. Era fato que eu não levava jeito pra puta, meu primeiro cliente e eu já o deixei na mão. Aliás, com o pau na mão. Eu teria que arrumar outro jeito de ganhar dinheiro.
Eu voltei pra cidade, procurei outro bar. Eu poderia aguentar essa vida de caras pagando bebidas para mim.
Nesse bar o clima era melhor. Tocava eletro, o pessoal era mais novo e ninguém me olhava com cara de “quem é essa maluca do cabelo verde?”.
Vários caras me pagaram cervejas em troca de sorrisos. Quando eu já estava um pouco alterada chegou o mais estranho, que por coincidência foi o que mais me chamou atenção.
Ele era pálido, tinha cara de mau, usava um moicano e coturnos de cano alto. Eu sempre tive uma queda por esses menininhos de plástico sabe? Esses de academia e que usam roupas mais apertadas que as próprias gurias. Mas pelo menos esse cara estranho eu poderia ter certeza que não era viado. Pelo menos eu acho. Mas se esse fosse gay, estava decidido, eu iria virar lésbica.
Começamos a conversar, ele tinha uma voz boa de ouvir, eu poderia ficar ouvindo a noite toda. Ele me pagou uma bebida azulada que nem fiz questão de perguntar o que era. Falamos de passado, de presente, de futuro, da grande bosta que era a vida, do quanto odiávamos política, do quanto amávamos rock, ok, eu não amava, mas fingia bem.
Me pagou mais uma bebida, verde dessa vez. Me levou para fora e começou me beijar. Quando tentou enfiar a mão por dentro da minha calcinha eu o empurrei e lhe alertei:
− Eu cobro caro mocinho.
− Te pago com amor.
− Proposta tentadora, mas ainda prefiro dinheiro.
Ele se se encostou à parede e começou a rir. Eu ri da risada dele, não era engraçada, mas eu ficava tão sem jeito perto dele.
− Dinheiro. Sempre atrapalhando tudo.
− Pois é.
− E se eu te pedir em casamento?
− Está maluco menino?
− Não estou, vamos fugir comigo. – Ele falava sério, não parecia papo de bêbado − Pra praia. O que tu acha?
− Não, obrigada. Já sou fugitiva. Mas vou pensar na ideia com carinho. Me passe seu telefone pra se um dia eu mudar de ideia. – Ele marcou o número no meu celular e devolveu− Agora pare de falar bobagens e vamos voltar lá pra dentro.
Puxei ele pro bar. Ele me disse que queria eu experimentasse uma bebida nova, mas que era muito forte. Topei.
Beijei-o e depois disso não me lembro de mais nada.
Acordei na beira da estrada, me levantei e já tinha um caminhão querendo me matar. O cara desceu do caminhão uma fera. Começou gritar comigo, eu gritei com ele. Ele resolveu abaixar o tom de voz comigo, eu gritei um pouco mais, mas me acalmei.
Meu Deus, como aquele cara falava. Eu não sei como ele conseguiu me convencer a entrar no caminhão dele, eu só queria ir embora. Mas eu ainda estava um pouco bêbada, então isso deve ter influenciado na minha escolha.
Ele tinha um péssimo gosto musical. Mal cheguei e já troquei de estação. Paramos em um posto para comer.
Ele me pagou um lanche e já se achava no direto de saber tudo sobre a minha vida. Claro que me recusei a falar.
− Posso saber ao menos seu nome?
Eu ainda não tinha pensado em um bom nome pra puta, o primeiro que me veio à mente foi:
− Natasha.
Voltamos para o caminhão e eu voltei a dormir. Quando acordei quis saber para onde ele estava me levando.
− Para onde vamos?
− Só respondo se me disser qual sua idade?
− 17.
− Menor de idade? Isso é treta e eu já disse que não quero aumentar minha ficha criminal. Vou lhe deixar no hotel mais próximo.
Porra, eu não podia ser deixada na estrada. Eu tinha acabado de fazer 17, mas uma mentira a mais, uma mentira a menos, tanto faz.
− Relaxa, faço 18 semana que vem.
− Santa Catarina.
− O que?
− Vamos para Santa Catarina.
Ele estava fumando. Eu quis um cigarro e ele quis me controlar. Peguei o cigarro mesmo assim.
− Odeio que tentem me controlar.
Não sei em que momento, mas eu acabei chamando ele de tio e ele não gostou muito da ideia.
− Ok, tio foi broxante. Meu nome é...
Eu já disse que essa cara falava demais? Tive que calar a boca dele com um beijo. Ele queria me comer e não negava isso. Minha desculpa foi a minha idade. Se bem que olhando para ele, ele não era feio. Tinha em média 35 anos, usava barba longa e cabelo curto.
Conversamos alguns dias, não faço a mínima ideia de quanto tempo passou. Peguei meu celular e comecei a fuçar.
Um número marcado como “amor da tua vida”. Deveria ser o carinha branquelo que me pagou as bebidas. Estava entediada mesmo, fui conversar com ele.
Maluca do cabelo verde: Encontrei um contato marcado como “amor da tua vida”, acho que isso está um pouco errado não? Aliás, que porra tu fez comigo naquela noite?
Cara do moicano: Eu não fiz nada, tu saiu do bar dizendo que queria se matar. Eu pensei que fosse só pra chamar atenção e não fui atrás. Eu estava certo então? Tu está ai viva.
Maluca do cabelo verde: Pois é...
Conversamos o resto da tarde.
Voltei a conversar com o tiozão que eu não quis saber o nome. Ele pensou que tinha intimidade suficiente e me veio passando a mão nas minhas coxas. Logo cortei os seus embalos. O peitoral dele era forte e parecia confortável. Encostei a cabeça, é, eu estava começando a criar um afeto pelo tiozão, era hora de dar o fora.
Agora eu tinha que decidir o que fazer da minha vida. Lembrei-me do cara do moicano e voltei falar com ele.
Maluca do cabelo verde: Aceito o pedido.
Cara do moicano: Que pedido?
Maluca do cabelo verde: De casamento, vamos fugir para a praia.
Cara do moicano: Agora eu quem te pergunto. Tá maluca? Aquilo era papo de bêbado.
Maluca do cabelo verde: Cala boca, vamos passar os dias bêbados na praia. Vou te passar o endereço, tu consegue chegar aqui?
Pedi para o tiozão as exatamente em que estradas estávamos e fui passando as coordenadas para o cara do moicano.
Cara do moicano: Você é maluca.
Maluca do cabelo verde: Não é a primeira vez que ouço isso essa semana. Tu vai conseguir vir? Quando chegar perto me avisa que eu tenho um plano.
Cara do moicano: Ok.
No outro dia acordei cedo para passar as coordenadas para o meu futuro marido.
Parei e fiquei olhando para o cara que eu não quis saber o nome. Eu me sentia meio mal por fazer isso com ele. Ele era uma pessoa legal poxa. Mas ainda assim eu faria isso. Quero ter coisas pelas quais vou me arrepender futuramente. Então lhe disse:
−Hoje é meu aniversário.
−Parabéns. Não sou muito bom com essa coisa de felizes aniversários. Quer um presente?
−Sim. Tem camisinha ai?
O babaca saiu pra comprar camisinhas achando que eu iria realmente dar pra ele. Enquanto ele foi, o meu novo amor da minha nova vida, veio e entrou no caminhão.
− E ai cara, sabe dirigir caminhão?
− Não. Porra, tu tá maluca? Vai roubar um caminhão?
− Estou e vamos. Agora pisa na porra do acelerador. Vamos ser felizes baby.
Estamos a caminho da praia. Vamos nos casar quando o sol se por.
E tiozão, desculpa por também ter te deixado com o pau na mão, mas sua mãe bem que lhe avisou para não conversar com estranhos. Principalmente se forem malucas de cabelo verde.
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